Maçonaria no Rio Grande do Sul
Registra-se que as primeiras lojas foram, por certo, de iniciativa de um pequeno número de maçons, iniciados nos segredos da ordem no centro do país ou, mesmo, no exterior e que criaram ou encontraram espaços de atuação nos clubes ou sociedades de cunho liberal. O exemplo mais expressivo foi, sem dúvida, o Continentino, cuja ênfase se deve ao fato de ser o mais bem documentado, com isso, não se descarta que outras sociedades ou gabinetes de leitura tenham sido embriões maçônicos. A vinculação entre essa sociedade literária e a maçonaria foi inquestionável: Primeiro editou um jornal, em seguida, abriu uma escola; e depois instalou um gabinete de leitura; mas sempre como sociedade secreta; até que se regularizou como loja maçônica com o nome de ‘Filantropia Liberdade’ filiando-se ao Grande Oriente do Lavradio, em 1832.
Primeira Loja Maçônica do Rio Grande do Sul
De fato, a primeira loja maçônica que comprovadamente se instalou no Estado, a Filantropia e Liberdade, foi originária desse gabinete de leitura, fundado em 25 de dezembro de 1831, na cidade de Porto Alegre, pelo Grande Oriente do Passeio Porém, logo depois, ela já trabalhava sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil. Fizeram parte dessa loja muitos dos membros do gabinete de leitura, tais como Xavier Ferreira, padre Bernardo José Vieira e Victorino José Ribeiro.
Revolução Farroupilha
Na Europa, muitos argentinos se iniciaram na Maçonaria. Entre eles José de San Martin e Carlos Alvear, que logo serão próceres importantes no sul da América. De regresso à Argentina, fundaram em Buenos Aires a Logia Lautaro que foi a madre de muitas Lojas Maçônicas do Prata. Em Porto Alegre se organizam Triângulos e Lojas sob o disfarce de Gabinetes de Leitura que se espalham também em Rio Pardo, Pelotas e Rio Grande. Bento Gonçalves da Silva e muitos liberais (e alguns conservadores também) eram Maçons e isso foi decisivo para o 20 de setembro – como, aliás, foi decisivo também em muitos acontecimentos durante o Decênio Heroico e até na Paz de Ponche Verde. Claro, os Maçons trabalham em silêncio e seus documentos são secretos. Muitos desses documentos se perderam ou foram ocultados e pouco emerge de seu conteúdo.
As outras Lojas instaladas de forma regular, antes da eclosão da Revolução Farroupilha, quais sejam: Razão e Virtude, em Santo Antônio da Patrulha, fundada em 1833; sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil; Fidelidade e Firmeza, em Porto Alegre, também fundada em 28 de setembro de 1833; subordinada ao Grande Oriente do Passeio Perfeita União, em Porto Alegre, fundada em 20 de novembro de 1833, e Asilo da Virtude, em Rio Grande, fundada em 10 de dezembro de 1833. Dessas primeiras lojas identificadas, três são de iniciativa do Grande Oriente do Passeio e duas do Grande Oriente do Brasil. Relaciona mais, apesar da instabilidade, as que foram instaladas durante o período revolucionário: a União Geral, em Rio Grande, no ano de 1840, pelo Grande Oriente dos Beneditinos, loja que mudou de nome em 1848 para União Constante e que está em funcionamento até nossos dias; União e Fraternidade, em São Leopoldo, em 1840, funcionando até 1860; Harmonia Rio-Grandense, em Pelotas, em 1841; Protetora da Orfandade, de Pelotas, em 1843, que, em 1853, se fundiu com a União e Concórdia, e a Loja Humanidade e Justiça, de Porto Alegre, em 1845.
Proclamação da República
Sob outra perspectiva, a fim de entender o enredo que se constitui como os fatores de relevância e que geraram dissidências dos Maçons gaúchos com o Poder central da Maçonaria, é preciso trazer ao lume os primeiros propósitos do Grande Oriente do Brasil, que deixou transparecer a sua preferência política pelo regime republicano presidencialista. Isso se traduz em só lembrar as figuras proeminentes de Joaquim Gonçalves Ledo, Cônego Januário da Cunha Barbosa e José Clemente Pereira, fundadores do GOB e expoentes máximos da corrente maçônica no âmbito da novel instituição então criada. No Rio Grande do Sul, para muitos maçons houve desagrado causado pelo fim do Império e com a Proclamação da República, agitando significativamente os meios políticos, tanto para republicanos quanto para monarquistas.
Revolução Federalista de 1893 e o Surgimento do GORGS
A história nos revela que o conselheiro Gaspar Silveira Martins foi substituído por Júlio de Castilhos, destacado prócer republicano, e, este, com a intenção de consolidar um novo regime, proveu uma campanha de perseguições políticas contra os monarquistas que, neste estado, eram numerosos e bem situados socialmente e, assim, as facções, republicanas e monarquistas, travaram uma intensa luta que resultou rebelião inútil, consequência da Revolução de 1.893, durante a qual foram praticados crimes hediondos, por ambas as partes em conflito político.
Ao mesmo tempo, as Lojas Maçônicas do Rio Grande do Sul que, em sua maioria, eram federadas ao Grande Oriente do Brasil, e frequentadas por maçons republicanos e monarquistas indistintamente, que antes mesmo do início da Revolução de 1.893 estavam esperançosos com uma solução amigável entre as partes, politicamente adversas, até porque tanto Júlio de Castilhos quanto Gaspar Silveira Martins eram maçons, acreditavam no poder político do Grande Oriente do Brasil, contanto ainda que o próprio Presidente da República, Floriano Peixoto, estava intimamente ligado ao GOB, e, por isso, constantemente dirigiam-se a este que se mantinha silente, talvez, por conveniência política, em benefício da unidade maçônica nacional, e deixou que o tempo corresse e trouxesse a paz tão desejada por todos os irmãos, o que refletiu em mágoa e ressentimentos contra ao referido Poder Central, que para a maioria do maçons gaúchos passou a ser objeto de dúvidas, desprestígio e fraca credibilidade política. Assim, alguns maçons gaúchos, de grande influência e prestígio político, entenderam que a Maçonaria do Rio Grande do Sul, à semelhança da Paulista, deveria se desligar do GOB, e criar uma Unidade Maçônica Estadual independente, e sob esse juízo, no dia 14 de outubro de 1893, fundaram o Grande Oriente do Rio Grande do Sul, com o fim de deliberar por si mesmos sobre as providências necessárias à pacificação da sociedade gaúcha, então aterrorizada com a Revolução de 1893.
De início, poucas Lojas aderiram ao Grande Oriente Autônomo Gaúcho, mas, com o passar do tempo a maioria das Lojas se filiaram ao GORGS, dando-lhe solidez e força política necessária à solução dos problemas maçônicos regionais, e, dessa maneira, o Grande Oriente do Brasil ficou em posição secundária e a geração de novas Lojas e as regularizadas passavam para o Grande Oriente do Rio Grande do Sul, algumas alegando como causa de sua transferência problemas econômicos.
Cisão de 1927 e a Surgimento das Grandes Lojas
JUL 1925 Mário Martinho de Carvalho Behring renuncia cargo de Grão-Mestre GOB.
NOV 1925 Embora o GOB tinha estatutos potência mista (Simbólicos / Filosóficos), estando dentro do Supremo Conselho desde 1907, o Grão-Mestre e Soberano Grande Comendador Mário Behring registra novos estatutos independentes
19 JUN 1927 Mário Behring, em reunião secreta, realizada fora do Palácio do Lavradio, declara a separação entre o Supremo Conselho e o GOB.
20 JUN 1927 Na reunião do Supremo Conselho do GOB, renunciam 13 dos 25 membros efetivos, liderados por Mário Behring, o que oficializa a dissidência das Grandes Lojas.
03 AGO 1927 Mário Behring lança manifesto às Oficinas Escocesas do Brasil e o decreto nº 7, declarando irregular o GOB, mais tarde revogado pelo Soberano Grande Comendador Alberto Mansur.
Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul surgiu de uma reunião ocorrida em Bagé, no dia 8 de janeiro de 1928, com Lojas de: São Gabriel; Santana do Livramento; Pelotas; Bagé;
Acompanhando as normas do Rito Escocês que queriam a independência com relação aos graus simbólicos, defendida por Mário Marinho de Carvalho Behring, 1927 – Criação das Grandes Lojas estaduais, resultado do concurso ao cargo de Grão-Mestre do GOB, onde concorreram: José Maria Moreira Guimarães e Mário Marinho de Carvalho Behring tendo eleição polêmica, grande anulação de sufrágios, em maior número para José Guimarães
Resultado do concurso:
- Mario Behring eleito com 1.410 votos
- Moreira Guimarães 1.643 votos só em SP
Cisão de 1973
Em 1973, antes da cisão entre o GOB e o GORGS, haviam 100 Lojas federadas ao GOB – no RS. Após a cisão, todas as Lojas no Estado optaram pelo GORGS.
Apenas 7 permaneceram federadas o GOB:
- ESTRELA DE JERUSALÉM ………….POA
- JUSTIÇA E PERFEIÇÃO ……………..POA
- PHILANTROPIA DO SUL……………..RIO GRANDE
- TIRADENTES VI………………………..POA
- RIO BRANCO VI………………………..CANOAS
- SIR ALEXANDRE FLEMING………….POA
- SEPÉ TIARAJU…………………………POA
A relação do GOB e GORGS sempre foi instável no Rio Grande do Sul.
As eleições para os cargos de GM Geral e GM Geral Adjunto do GOB, realizadas em março de 1973, dez Grandes Orientes Estaduais, federados ao GOB, desligaram-se deste proclamando-se Obediências autônomas e independentes. Portanto, a representação do GOB, no RS – nesse período, não passou de modestas delegacias sem autonomia e credenciais a altura do prestígio da referida Potência Maçônica. Aliás, o papel desta sempre foi secundário, e só lembrado para fazer concessões, com amparo no seu reconhecimento e Amplas relações internacionais.
Sob o mesmo ponto de vista, após a cisão de 1.973, tornou-se mais confusa com a decisão da justiça negando a reintegração de posse que o GOB pedira, numa tentativa de restabelecer o Contrato de Incorporação do GORGS ao GOB. O momento era de instabilidade, e o desânimo se propagava entre os irmãos que ficaram fiéis ao Poder Central
Criação da GOESUL
Meados dos anos 70, o Irmão Rosalino Dutra de Araújo, em contato com o Soberano Grão-Mestre, Osmane Vieira de Rezende, sugeriu a criação de um Grande Oriente Estadual, federado ao GOB, no Rio Grande do Sul, sob o entendimento de que a medida geraria uma maior coesão entre os irmãos que ficaram fieis ao Poder Central. A resposta foi negativa, porque estava confiante de que a justiça determinaria a reintegração do GORGS ao GOB.
Em 1978, com os mesmos argumentos:
Convenceu o novel Grão-Mestre Geral do GOB, o Senador Osires Teixeira, com o qual contraiu aliança, tanto que, por indicação da Loja Tiradentes VI, o Irmão Rosalino foi nomeado Delegado do GOB no RS.
No dia 14 de julho do 1.981, por força de um Decreto do Soberano Grão-Mestre Osires Teixeira, as Colunas do GOESUL foram colocadas na Vertical, dando-lhe Força e Vigor Funcional.
GOESUL passa a se chamar GOB-RS
Ocorre que, em meados de 2002, o então Deputado da ARLS Fraternidade Vicentina n.º 2895, Irmão José Rodrigues do Nascimento em companhia de mais dois Deputados Irmãos Joaquim Guedes de Souza e José Fernando Mariú Mariani, participaram da Reunião das Assembleias do Cone Sul, em Curitiba, oportunidade em que tomaram conhecimento da ideia de alterar a designação de GOESUL para GOB-RS, junto ao GOB-PR, primeiro Grande Oriente Estadual a adotar a denominação semelhante ao que constitui a usada pelo Poder Central, obtendo cópia da documentação destinada a reprodução para imitação, e, ao natural, logo no início do Grão-Mestrado do Irmão Mário Juarez de Oliveira foi enviada proposta de emenda Constitucional para a Assembleia que a aprovou. Assim, em 2 de abril de 2004, com a aprovação da Emenda Constitucional pela Poderosa Assembleia Legislativa Estadual, a sua denominação foi alterada para Grande Oriente do Brasil – Rio Grande do Sul, passando a utilizar a nova sigla: GOB-RS.
O GOB-RS vem crescendo com o que se exprime a respeito de qualidade, como também, ainda que com lentidão, em quantidade, mas de modo consistente. Na atualidade, conta com mais de oitenta e quatro Lojas regulares e dois mil e quatro Maçons filiados.
Ir.’. Gustavo Weber Bourscheid
Ir.’. Eduardo Francisco Braum